A participação de mulheres negras na política importa!
Dia 25 julho é a data de homenagem ao Dia Internacional das mulheres negras latino-caribenhas e o dia Nacional de Tereza de Benguela (Lei nº 12.987/2014), que foi um líder quilombola, viveu durante o século XVIII.
Tereza se tornou a rainha do quilombo, e, sob sua liderança, a comunidade negra e indígena resistiu à escravidão por duas décadas, sobrevivendo até 1770, quando o quilombo foi destruído pelas forças de Luiz Pinto de Souza Coutinho e a população negra e indígena morta ou aprisionada.
Passados séculos da história do nosso país a mulher negra ainda é invisível pela sociedade, sofre com o machismo e o racismo estruturante, além da pobreza e da desigualdade social que atinge diretamente a população negra, pois desde tempos de pós abolição a mesma foi excluída e não obteve ascensão social assim como os brancos imigrantes que lhes foram garantidas terras e acesso a saúde e educação.
A população negra no país corresponde a 53% significa que somos a maioria dos brasileiros, ou seja, somam-se negros e pardos que segundo IBGE representam a população afrodescendente.
Com isso somos minoria nos espaços de poder e decisão como o Legislativo, Executivo, Judiciário, quando nos referimos a política estamos bem distantes com relação ao gênero feminino a razão da baixa representatividade das mulheres negras na política está em questões estruturais da nossa sociedade que são o machismo e o racismo onde se comprova através dos dados.
Para o IBGE as mulheres negras representam apenas 2% do Congresso Nacional e sãomenos de 1% na Câmara dos Deputados em se tratando do âmbito mundial as mulheres representam apenas 25% dos parlamentares eleitos
Segundo Folha de São Paulo em 2015, ainda que o Brasil possua 53% da população negra, apenas 18% está em cargos de destaque as eleições de 2016, o percentual de mulheres negras concorrendo ao cargo de vereadora era de apenas 14,2% para o de prefeita, o número muda para 0,13%. Se fizermos a comparação entre ambas, a quantidade de mulheres pretas candidatas é inferior a de candidatas pardas: 0,01% para prefeita, 0,03% vice prefeita e 2,64% para vereadora. No que diz respeito às candidatas eleitas, a quantidade de mulheres pretas que chegaram a tal nas eleições de 2016 foi de menos de 1% para o cargo de vereadora.
A primeira mulher negra a ser eleita para uma Assembleia Legislativa no Brasil foi Antonieta de Barros em 1934. De lá para cá, os avanços são inegáveis, mas ainda há um longo caminho a ser trilhado.
A participação política de mulheres vem crescendo, mas quando se trata especificamente de mulheres negras, o déficit é grande. Ainda que uma decisão do Superior Tribunal Eleitoral (TSE) tenha estabelecido uma cota de 30% para candidaturas de mulheres nos partidos, não existe nada a com relação a questão racial.
Políticas públicas seria caminho para possibilitar o acesso e a permanência das mulheres negras na política sendo essenciais não só medidas que visem em específico a candidatura, mas que se partam desde a educação com olhar combate ao racismo e ao machismo, participação das mulheres nos espaços de poder e decisão formando cidadãos com pensamento mais voltado para aspectos de direitos humanos e igualdades.
Outra questão com relação a candidatura negra é de observar que candidat@ deve se reconhecer enquanto negr(a) buscar sua identidade e valorizar sua cultura, sabendo da importância de estar em ambientes ainda majoritariamente brancos, candidato(a) com a consciência negra fará toda a diferença, não basta ser negro ou negra na representação política e trair os compromissos indenitários com a comunidade negra depois de eleito (a), como diria rapper Sabotagem “RAP É COMPROMISSO” eu reforçaria que falar que é negro dentro do espaço político já é mais que um COMPROMISSO, não se pode errar, pois erro custara caro, portanto ser negro é ter compromisso com os 53% da população brasileira.
Para Ângela Davis -“Quando a mulher negra se movimenta, toda a estrutura da sociedade se movimenta com ela” que significa que as mulheres negras estão na base da pirâmide social e se faz necessária sua representação nos espaços de poder e decisão, pois elas sabem a real necessidade da sociedade e no que diz do acesso e quando há acesso das políticas públicas de saúde, segurança, educação, ela quem está na linha frente da sociedade, até mesmo na violência no Atlas da Violência de 2019, 66% de todas as mulheres assassinadas no país naquele ano eram negras. Além disso, 63% das casas chefiadas por mulheres negras estão abaixo da linha da pobreza, segundo o IBGE mesma que sofre calada as humilhações dos patrões enquanto empregas domesticas, sofrem com desemprego pois possuem dificuldades de acesso ao trabalho por conta da estética negra sendo discriminadas pelo preconceito racial não possuírem padrão de beleza branca.
Garantir maior participação das mulheres negras na política, além de ser umprocesso de reparação histórica é também uma forma de promover a democracia e a pluralidade de vozes nos espaços de tomada de decisões é luta é resistência é honrar a memória dos nossos ancestrais que foram escravizados neste país que se diz verde e amarelo, mas que sob estupro e a violência do sangue vermelho da mulher negra e indígena o chamam de Brasil. Marielle Presente!
Lu Santos, 33 anos;
Cientista Social
Assessora de Gênero e Etnias da Secretaria de Cultura de Marilia
Membro do Conselho Municipal da Promoção da Igualdade Racial