O fim do ciclo da violência: por mudanças efetivas de pensamento e comportamento
Nesta data em que a Lei Maria da Penha completa 14 anos, é importante fazermos uma reflexão sobre as ações no combate à violência contra a mulher e como fazer para romper esse ciclo de dor e sofrimento.
Vivemos em uma sociedade que adoece, revelando o machismo enraizado. Dados e estatísticas apontam para a necessidade de implementar ações e programas voltados ao agressor, à mulher agredida e círculo familiar, entretanto, quando o assunto é violência doméstica e intrafamiliar, é fundamental encarar o assunto de forma mais ampla e profunda.
Para que possamos sempre considerar todos os fatores, vale destacar que as penas de caráter punitivo e dissociativo não são suficientes para encerrar o ciclo da violência. É preciso dar atenção ao aspecto psicológico, socioeducativo e lutar por políticas governamentais que, efetivamente, possam diminuir e resolver o problema.
O conhecimento e procedimentos técnicos, com embasamentos, são trâmites fundamentais para que os órgãos, a sociedade e a vítima de violência doméstica e intrafamiliar consigam se afastar do agressor, e que os envolvidos possam receber os auxílios e apoios necessários.
No entanto, é necessário ir além. O resgate da vítima precisa ser também o resgate do agressor. De forma plural, é neste ponto que conseguimos amparar a vítima, oferecendo todo o suporte físico e psicológico e de empoderamento, para que não haja mais a dependência econômica.
Por outro lado, também é importante resgatar o agressor desse ciclo para que ele possa ser afastado, tratado de forma integral e não repetir mais essa conduta. Além do mais, é importante cuidar de todos os outros integrantes dessa célula familiar para que eles deixem o trauma das agressões para trás e não repitam a vivência de sofrimento.
Temos também uma grande aliada no combate à violência: a Educação. A sociedade só vai conseguir se libertar de todo esse cenário, se formos quebrando os elos de cada ciclo violento. Por isso, é importante educarmos e orientarmos nossas crianças a não serem permissivos com a violência e nem a praticarem; como igualmente importante rever nossos conceitos sobre o assunto.
Portanto, quando falamos em violência doméstica e intrafamiliar, não é só uma estatística que cresce, mas uma sociedade que adoece. Sendo assim, façamos a nossa parte para que possamos contribuir com mudanças efetivas em toda a sociedade. Mudanças de pensamento e de comportamento.
Eliza Santos,
Secretária Geral do Sindicato dos Químicos de Marília e Região e
Secretária de Direitos Humanos da Força Sindical Regional São Paulo